sábado, 17 de dezembro de 2011

Vida que segue...

Era uma vez uma mulher forte, que trabalhou como homem nos campos a cooperar com o sustento da família, que superou o medo e a dor por diversas vezes e sempre com um sorriso estampado no rosto. Que cuidou e amou seu esposo até ele falecer. Que depois construiu uma casa para cada um de seus filhos – os que não tinham. Que fazia uma deliciosa broa de fubá com cobertura de calda de rapadura, na panela de ferro e assada no fogão a lenha.

Que abandonou aos 63 anos de vida uma fé cega e cheia de misticismos, para a tão gloriosa e perfeita fé em Cristo. Que era atenciosa às palavras do pastor. Que procurava viver conforme essa nova forma de fé, entendimento e conduta.

Era uma vez um cara que sentiu a aflição, e a péssima sensação de não vê-la mais. Que se sentiu apertado com as lágrimas e com o silêncio dos que estavam à sua volta.

Aquelas mãos que dantes preparavam a broa de fubá com rapadura no fogão a lenha, agora estão bem juntinhas e frias. Aquelas flores amarelas e brancas não conseguiram passar a alegria de um jardim em dia sol, com borboletas, sombra fresca e violão. Aquela risada gostosa que até lacrimejava os olhos, cede lugar a uma boca fechada, tensa e silenciosa, como quem aguarda por Alguém muito especial.

A chuva nos faz pensar no constante renovo que acontece no mundo. As plantas nascem, crescem, frutificam e morrem. A água da chuva permite que a semente do fruto morra para nascer, e assim recomeçar e continuar sua história de vida e de morte.

Penso que está tendo uma festa muito grande na casa do meu Pai, e que os anjos cantam: “Glória, glória...glória glória as harpas tocam...por mais um remido entrar no céu.”

Não sei se a reconhecerei lá, mas só o fato de saber que ela está lá, já me alivia a alma, e penso neste tão glorioso dia, quando meu tempo chegar. Quando finalmente me verei livre desta carcaça prostituta. Onde o desejo ardente de não desapontar mais meu Pai vai deixar de utopia e vai se tornar um fato. “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do SENHOR por longos dias. (Salmos 23:6).

“A morte é tão inevitável como a vida”, e se assim for, que nesta vida possamos entender que há algo muito maior do que simplesmente cantar e adorar a Deus no céu, com musicas e afins, que há algo que Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. (I Coríntios 2:9)

Era uma vez minha avó, Catarina Guin Moreira, agora nos céus junto ao Pai.

2 comentários:

  1. Mano... Deus nos trará o consolo e fica aqui tb mminha gratidão de ter compartilhado e vivido momentos muito preciosos com ela.
    Grande mulher, guerreira e gentil. Que agora, nos braços do nosso Pai amado, feliz será eternamente.

    Flávio Ferraz

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  2. Essa é minha vó, me orgulho muito disso !!!!!

    Michael Luis

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